Em conversa com Time G5, Paulo Passoni fala sobre carreira e desafios. A última edição do G5 Talks contou com a participação de Paulo Passoni, sócio-gerente do fundo do SoftBank dedicado à América Latina. O fundo tem como foco investir em empresas latino-americanas de alto potencial de crescimento e que se propõem a impactar a realidade econômica e social por meio do uso de tecnologias inovadoras. O investidor conversou com os sócios da G5, Levindo Santos e Renan Rego, e com o portfolio manager Fernando Donnay sobre sua carreira, empreendedorismo de alto impacto e o mercado de venture capital no país. O G5 Talks é um projeto por meio do qual lideranças empresariais e da comunidade trocam experiências e aprendizados com o time da G5 Partners. Passoni é formado em Administração de Empresas pela FGV tendo iniciado sua carreira em investment banking no Morgan Stanley. Na sequência, Paulo teve a oportunidade de cursar o programa conjunto de MBA e Mestrado em Políticas Públicas da Universidade de Harvard de onde saiu para iniciar sua atuação na indústria de investimentos, na gestora Eaton Park de Nova Iorque.
Alguns anos depois, Passoni se tornou responsável pelos investimentos em mercados emergentes na gestora Third Point, com foco na América Latina. “Na Third Point eu achei o meu lugar. Fazia poucos investimentos, de 7 a 10 por ano, sempre seguindo a estratégia “long only”; só comprava o que eu achava que iria valer mais no futuro, dívidas e equity. Dentre as coisas que eu fazia, o que tinha maior retorno era ancorar IPOs e segurar os papéis. Nesse cenário, havia dois tipos de IPOs que davam mais retorno: privatização, governos vendendo algum ativo, ou growth equity.” Paulo, que cresceu no Jardim Ângela e frequentou a escola pública local até ingressar no ensino médio falou sobre os desafios e as oportunidades que ajudaram a moldar sua carreira, com destaque para o estímulo que sempre recebeu de sua família na valorização da educação e do esporte. “Meus pais trabalharam muito duro, eu vi isso; e eles investiram na minha educação. Acredito que são os desafios da vida que tornam você especial, não são as coisas que são fáceis. Quanto mais difícil seu caminho, maior a chance de você ser extraordinário.” Passoni também contou que o esporte foi essencial para sua formação, tanto pessoal como profissional. Ainda jovem, ele jogou vôlei profissionalmente pelo time Banespa, de São Paulo.
“O ambiente extremamente competitivo, em que é preciso se reerguer o tempo todo, é muito bom para nos preparar para a vida. É um trabalho em que ou você é bom ou você está fora. O Banespa me deu essa vontade de querer ganhar. Isso teve um impacto essencial na minha vida”, relembrou o investidor. Após encerrar sua carreira no vôlei, Passoni, ainda jovem, mudou-se para Ohio, nos Estados Unidos, onde permaneceu por um ano para aprender inglês. Ao voltar para o Brasil, foi fazer faculdade na FGV. “Tinha muita vontade de estudar Marketing e não Finanças.” Porém, a vida o levou em definitivo para o mercado financeiro, especialmente depois de um estágio em uma empresa em Berkeley, na Califórnia, onde atuou durante sua formação na FGV.
Empreendedores brasileiros e novos negócios
Passoni comentou sobre o empreendedorismo de alto impacto no Brasil. Segundo ele, o empreendedor disruptivo “ainda é um outsider por aqui: tipicamente ou é um estrangeiro que está no Brasil ou um brasileiro que morou fora e voltou para empreender. Uma pessoa que tem que ter algum “parafuso solto” para pensar e acreditar que com trabalho e dedicação vai conseguir disruptar um mercado relevante no Brasil [risos]”. E completou: “há seis anos era tudo mais difícil. O que me impressiona é a resiliência desse empreendedor, sua habilidade para atrair capital, trabalhando sempre com talento e perseverança”. Paulo afirmou também que acredita que “já estejamos na leva 2.0 de empreendedorismo de alto impacto. Nesse contexto, já há muito interesse por parte de quem se forma na faculdade para se tornar empreendedor. E isso é muito bom. É uma bela carreira e hoje já existe bastante capital disponível para apoiar boas iniciativas. Passoni, que ajudou a construir um portfólio para o Softbank com mais de 20 empresas investidas — tais como Banco Inter, Rappi, QuintoAndar, VTEX, PetLove, MadeiraMadeira e Creditas —, explicou que a expectativa é de que dois terços das investidas multipliquem o capital investido entre cinco a dez vezes. De acordo com o investidor, a pandemia ajudou muito no crescimento de várias das investidas, principalmente aquelas com capacidade para oferecer alternativas digitais no momento em que precisamos nos adaptar ao quadro de isolamento social.
“Várias dessas inovações vieram para ficar e provocarão um processo de mudanças constantes. Mas vamos errar também. Não significa que se acerta o tempo todo.” Para quem está de olho nesse mercado, Passoni explicou que é importante entender a aplicação das tecnologias dentro do contexto local e para isso estruturar um modelo de negócio que faça sentido. Preferencialmente, é importante pensar em oportunidades que sejam escaláveis e que tenham potencial de viajar para além das fronteiras locais. “Temos exemplos de modelos de negócios que foram criados no Brasil e não haviam sido pensados antes em outros lugares do mundo, como as empresas Gympass e Hotmart“, finaliza. Esse é o caminho.