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Lições de liderança do All Blacks para os negócios

janeiro 2024

Por Corrado Varoli, CEO e Sócio Fundador da G5 Partners e Levindo Santos, Sócio Sênior da G5 Partners. 

Não importa a modalidade: sempre podemos extrair e transpor preciosas lições do esporte para a vida. Quando se trata do mundo dos negócios então, as analogias com os esportes são abundantes. Construir uma empresa a partir do zero é tarefa complexa. Liderar pessoas para que atuem de forma organizada, eficiente e harmônica, dia após dia, no atingimento de objetivos coletivos tampouco é trivial. Assim como no esporte, a gestão bem-sucedida de um negócio exige disciplina, dedicação e constantemente desafia os indivíduos nele envolvidos a performarem no limite de suas capacidades individuais. Dentre os esportes coletivos, um dos que mais chama a atenção pelos incontáveis exemplos que oferece é o rúgbi. Ainda pouco conhecida no Brasil, essa modalidade esportiva inicialmente não deixa uma impressão positiva. Repleto de tombos e empurrões, o esporte parece abrutalhado demais para poder conter em si algum ensinamento, quanto mais uma mensagem especial. Mas essa é apenas uma percepção superficial. O que faz desta modalidade um esporte tão especial é que sua prática está permeada por um código de ética baseado em cinco valores principais, todos eles seguidos fielmente por praticantes e sintetizados na sigla DRIPS: Disciplina, Respeito, Integridade, Paixão e Solidariedade. O rúgbi é um esporte coletivo de intenso contato físico, sendo bastante duro e viril. Mesmo assim, são raras as atitudes desleais. Uma partida conta com 15 jogadores de cada lado tentando pegar uma bola de formato oval (a rugby) para levá-la até a linha de fundo do seu adversário. Uma jogada é sempre dura, mas será executada dentro das regras e quem está do lado oposto será tratado com respeito. 

Num exemplo inconteste de disciplina e de respeito às regras, a palavra do árbitro é sempre soberana. Todas as decisões que ele toma são explicadas aos capitães das duas equipes e no processo se tornam de conhecimento do público também. Ainda que árbitros estejam naturalmente sujeitos a erros, nenhum jogador ou membro da equipe técnica jamais se dirige a eles para reclamar ou questionar sua integridade. E é nesse aspecto que reside um dos mais importantes pilares culturais do rúgbi. Outra característica marcante do esporte é a valorização do jogo coletivo e solidário, sendo que uma jogada ou partida raramente é decidida por um único atleta. Como os passes são feitos apenas para trás ou para o lado, apenas um esforço efetivamente coletivo e organizado permitirá que uma equipe atinja seus objetivos. E mesmo que a definição de sucesso para uma equipe seja igual a de qualquer outro esporte (vencer!), uma vitória não tem valor se não puder ser obtida com o devido fair play. Assim, um time rúgbi nunca jogará completamente fechado, na retranca, ou com jogadores simulando faltas inexistentes ou contusões. Por mais elástico que esteja o placar de uma partida, vencedor e perdedor sempre valorizarão cada oportunidade que tiverem para marcar pontos. Trata-se de uma questão de respeito, ao público e ao próprio adversário. E, ao final, por mais dura que tenha sido a partida, vencedores e perdedores sempre se confraternizarão. Rivalidades e possíveis desentendimentos ficam no campo, porque uma partida dura apenas 80 minutos, mas os valores deste esporte devem ser praticados sempre — e por toda a vida. 

Rúgbi, Nova Zelândia e a caminhada para o sucesso 

O rúgbi é o esporte nacional da Nova Zelândia, um pequeno país insular da Oceania com 5 milhões de habitantes e formado por duas massas principais de terra (chamadas de Ilha do Norte e Ilha do Sul). Há quase 140 anos, rúgbi tem sido uma paixão nacional e uma influência determinante na vida e na formação cultural neozelandesa, e ajuda moldar uma nação orgulhosa, disciplinada, inovadora e determinada a deixar a sua marca no mundo. Os All Blacks, como é conhecida a equipe nacional de rúgbi, são um dos adversários mais respeitados no mundo desta modalidade. Vê-los no campo em seus uniformes pretos estampados com a folha de samambaia prata, invariavelmente desperta orgulho nos corações neozelandeses e temor nos adversários. No livro Legacy – What the All Blacks Can Teach Us About the Business of Life (editora Constable, Londres, 2013), o autor James Kerr analisa a trajetória dos All Blacks até se tornarem a equipe com o maior percentual de vitórias entre todos esportes coletivos do planeta. Qual o segredo do seu sucesso? Como os jogadores lidam com a pressão? Como treinam para atingir o mais alto nível? Como encontram motivação, ano após ano, para se renovar e se manter no topo? Para responder a essas e outras questões, Kerr passou cinco semanas ao lado dos All Blacks durante os preparativos para a Copa do Mundo de 2010 e descobriu que seu sucesso tem tudo a ver com a cultura do time e com os conceitos e valores por ele empregados no dia a dia. Kerr também percebeu que vários dos métodos de gestão adotados pela equipe fornecem um modelo inspirador e eficiente para líderes em outros campos de atuação. São ao todo 15 reflexões principais feitas por James Kerr, dentre as quais destacamos: 

Humildade: Criar e manter uma cultura coletiva que combine humildade e orgulho é fundamental. No caso dos All Blacks, após cada partida os jogadores permanecem no vestiário para refletir e conversar sobre o jogo e tentar entender o que pode ser melhorado. Depois, os veteranos dão o exemplo e lideram o ritual de limpeza do vestiário. Porque para qualquer All Black é importante nunca se sentir grande demais para realizar os “trabalhos menores”. 

Adaptação: O declínio de qualquer organização parece inexorável, a menos que seus líderes as preparem constantemente para a mudança — e, de preferência, quando elas estiverem no topo de sua performance. Nos All Blacks a cultura que mescla experiência e juventude permite uma constante renovação dos talentos do time, em um processo de transferência de responsabilidades, conhecimentos e do legado coletivo. 

Responsabilidade: Líderes criam um senso de propriedade, autonomia e de iniciativa entre seus comandados. Líderes não geram seguidores; líderes criam líderes. Para os All Blacks, compartilhar responsabilidades e deixar que todos percebam sua contribuição ao sucesso coletivo é um traço importante da cultura e um fator fundamental do seu sucesso. 

Coletivo: Para os All Blacks o que conta é o coletivo. Ninguém é maior do que a equipe. A ética de comportamento e o respeito aos valores do time por cada jogador são considerados atributos fundamentais do time. E são os próprios jogadores que se encarregam de combater qualquer sinal de individualismo destrutivo que possa pôr em risco a harmonia da cultura coletiva. Embora exista um capitão legitimado como líder do grupo, a equipe dos All Blacks trabalha com conceitos de “grupo de liderança” em que todos têm o dever procurar ocupar seu espaço, liderando pelo exemplo. 

Expectativas: Os All Blacks são estimulados a estabelecer as metas de desempenho sempre mais desafiadoras possíveis. Imediatamente após qualquer derrota os jogadores são desafiados a refletir sobre como estão se sentindo naquele momento e da importância de sempre se lembrarem desse sentimento no futuro. Porque é na “memória da dor da derrota” que os All Blacks encontram o estímulo para perseguir a vitória; sempre. 

Preparação: Para os All Blacks é fundamental treinar com intensidade em busca de excelência e para se desenvolver uma mentalidade vencedora e preparada para responder adequadamente em situações de pressão. De fato, é possível que os treinos dos All Blacks sejam ainda mais intensos e desgastantes do que as partidas disputadas contra adversários. 

Tradição: Todas as grandes organizações nascem e perpetuam uma história convincente que ajuda as pessoas a entender seus valores e o que elas representam. Culturas fortes precisam de um sistema de significado que seja compreendido por todos; uma linguagem que una as pessoas. No caso dos All Blacks, todo jogador novato recebe um livro ao se juntar ao time. Chamado de “All Black Book”, o livro é construído a partir de aforismos que congregam os valores e a sabedoria acumulados ao longo da história do time. Um conjunto importante de atributos que ajudam a solidificar o orgulho de pertencer e de participar dessa tradição. 

Ritual: Nenhuma outra equipe esportiva internacional possui um ritual pré-jogo tão poderoso como o famoso All Black haka, de origem maiori. Desde o mais tradicional “Ka mate, Ka mate” – realizado pela primeira vez em 1888 — a haka desempenha um papel crítico na preparação física e mental do time dos All Blacks. Por meio desse ritual, os jogadores têm a oportunidade de refletir, contar e reforçar sua história coletiva e, em última instância, se conectar com suas tradições. 

Na Nova Zelândia, escolas, universidades e clubes de base trabalham em conjunto para a formação de atletas de rúgbi. Para todos estes, crianças e jovens, um sonho em comum: se tornar um All Black. A disciplina na formação e o legado da camisa preta servem inspiração para milhões de jovens. Para todos eles, ser um All Black é agir de forma íntegra em todos os aspectos. A disciplina e o legado All Black coroam o que o esporte tem de melhor. A soma dos valores do rúgbi, da cultura de excelência própria dos All Blacks e de um ritual permanente de conexão com os antepassados Maoris resulta num time quase sempre imbatível. Não é à toa que a Nova Zelândia se reconhece como a terra do rúgbi e que esse pequeno e isolado país tenha, ao longo dos anos, se tornado uma das mais desenvolvidas sociedades do planeta. 

A G5 Partners e os All Blacks 

Embora estejamos geograficamente muito distantes dos All Blacks e em nossas atividades não utilizemos uma bola oval, percebemos que há vários aspectos do rúgbi e, em particular, na maneira como os All Blacks trabalham que coincidem com a cultura da G5 Partners e com nossa forma de ser: 

  1. Somos uma organização relativamente pequena e que atua em uma indústria de gigantes; 
  2. Nossos valores éticos são claros e inegociáveis; 
  3. Buscamos a excelência e nos dedicamos a qualquer tarefa sempre com afinco; 
  4. Possuímos um grupo de líderes forte e fomentamos uma cultura de liderança pelo exemplo; 
  5. Humildade e o respeito ao próximo são pilares da nossa cultura; 
  6. A G5 Partners, assim como os All Blacks, se guia pelo sucesso a longo prazo; 
  7. Acreditamos que o resultado coletivo seja mais importante do que o sucesso individual; e 
  8. Acreditamos que seja nossa obrigação fazer com que a G5 Partners evolua sempre, preparando-a continuamente para ser conduzida por novas gerações de líderes. 

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