
Assim como todos os mercados, o mundo Esportivo também parou pelo Coronavírus. Para você que é amante de esporte ou que tem negócios na área, a G5 Partners conversou com Paulo Vinícius Coelho (PVC), um dos mais respeitados jornalistas esportivos do Brasil, comentarista do SporTV (Globo) e colunista da Folha de S. Paulo e da rádio CBN, para falar sobre o impacto do Coronavírus no esporte. Ele também revelou como tem sido o seu confinamento e deu dicas de leitura.
Leia a entrevista completa a seguir:
G5 Partners: O futebol é uma importante fonte de entretenimento. O Brasil e o mundo estão mais tristes sem a possibilidade de acompanhar jogos, falar sobre o assunto etc.?
PVC: Todo mundo fica mais triste sem poder fazer o que gosta. Seja ir ao parque, à praia, seja ir aos jogos, assistir pela TV, sem trabalhar. Tanta gente não sabe exatamente do que mais gosta. Imagine quem sabe, quando não pode fazer o que mais lhe dá prazer. O futebol representa muita coisa, para muita gente.
G5 Partners: Muito se fala no dito popular que jogador ganha bem e poderia baixar seu salário neste momento. Na sua opinião, isso é verdade e justo? Pois, a classe não envolve somente aqueles que ganham bem.
PVC: Menos de 5% dos jogadores ganha ótimos salários. E, mesmo esses, podem ter necessidades específicas para cada momento. Você pode ganhar muito bem e ter comprado uma casa neste mês. Ter uma despesa que não tinha. E se perder o salário, não vai conseguir pagar e quem vendeu não vai contar com o dinheiro que precisava. É uma bola de neve. Nada é justo. Mas tudo pode ser necessário neste momento.
G5 Partners: A classe de jogadores reflete a desigualdade de nosso País?
PVC: Sim. Porque poucos ganham muito e muitos ganham muito pouco.
G5 Partners: Em uma época em quase todos os segmentos econômicos estão afetados, você entende que os clubes de futebol e os veículos de comunicação sofrerão grande impacto? Os clubes perdem bilheteria e exposição de patrocinadores, por exemplo. As consequências podem se refletir quando o futebol voltar, como atrasos de salários, redução na contratação de jogadores? O que pode ocorrer?
PVC: Tudo vai depender do tempo de paralisação. Em 1918, o Campeonato Paulista ficou parado por três meses em função da gripe espanhola. Mas não havia os mesmos custos. Mesmo assim, impossível achar que não se sofreu. Hoje, vai haver dificuldade e vai ser preciso trabalhar dobrado para recuperar o tempo perdido. Quem vai sofrer menos será quem se planejou e guardou mais no passado recente.
G5 Partners: A forma de se conduzir empresas e as próprias pessoas deverão mudar significativamente após a passagem do Coronavírus. E no mundo do esporte? Como devem ser os impactos com os calendários reduzidos, jogadores muito tempo parados?
PVC: Vai depender de cada país. Na Itália e na Espanha, imagina-se poder terminar o campeonato e cumprir compromissos com patrocinadores. Pode ser impossível. É provável que os campeonatos tenham resultados nulos, como não acontecia desde a época da guerra. No Brasil, os campeonatos estaduais são os que mais sofrerão, porque muitos clubes têm contratos com jogadores só até abril. E a crise pode se estender até agosto.

G5 Partners: Você que é amante da notícia, que gosta muito de trabalhar. O que tem sido mais difícil para você neste período de quarentena?
PVC: Ficar em casa. Eu tenho de dar uma escapada até uma farmácia, supermercado, uma vez por dia, para não morrer louco. E trabalhar é sempre uma terapia. Escrever notícia o máximo de tempo possível.
G5 Partners: O que você tem feito durante este período de confinamento?
PVC: Ler, escrever, telefonar para fontes, falar com a família e reuniões em grupos de aplicativos especiais. A gente pode tomar um vinho ou uma cerveja por esses grupos. Mas, enquanto estou trabalhando, consigo esquecer um pouco que estou preso dentro de casa.
G5 Partners: Quais dicas você dá para quem está sentindo muita falta de assistir aos jogos de futebol, enfim, de acompanhar esportes de maneira geral?
PVC: Acho que é a hora de descobrir coisas que a gente não sabe. No tempo que nos sobra, dá para ver filmes que não se viu, ler livros que não se leu ou conviver e brincar com os filhos.
G5 Partners: Qual a sugestão de livros ou filmes que você pode nos dar?
PVC: Tem um livro do Ruy Castro, chamado Metrópole à Beira -Mar, maravilhoso. Conta como o Brasil entrou e saiu da pandemia da gripe espanhola em 1918. Adorei.