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Time do Bem revela desafios no Amazonas

julho 2023

A edição de fevereiro do G5 Talks discutiu a necessidade, os desafios e os impactos de ações de responsabilidade social, especialmente no cenário atual, com a crise de saúde da covid-19 no Brasil. O G5 Talks é um projeto por meio do qual lideranças empresariais trocam experiências e aprendizados com o time da G5. Para falar sobre o tema, o sócio-fundador André Benchimol e o sócio-sênior Levindo Santos convidaram o CEO da MB Consultoria, Marx Gabriel, e o diretor operacional do Grupo VDA, Antonio Jose Alecrim, responsáveis pelo Time do Bem — grupo composto por pessoas da sociedade civil, sem vínculos políticos, criado exclusivamente para ajudar na crise desencadeada no sistema público de saúde no Amazonas em janeiro deste ano. Marx Gabriel explicou que a ideia de montar o grupo surgiu após um sonho de sua esposa. “Fui caminhar com ela num sábado, dia 8 de janeiro, e no sonho a espiritualidade pediu para levar comida aos hospitais. Mais tarde, Antonio José me ligou perguntando o que eu achava de levar lanches a hospitais. E pensei: ‘dois recados assim num dia só, eu preciso escutar’. No mesmo dia, eu perdi um amigo que morreu por falta de leito.” Então, Marx Gabriel e Antonio José compraram 600 lanches e decidiram pedir ajuda de outras pessoas para ampliar o projeto. “Enviamos uma mensagem para amigos pelo WhatsApp e, em pouco mais de 1 hora, cada um de nós tinha recebido mais de 60 PIXs”. Marx Gabriel iniciou o Time do Bem com doação de lanches e, nos dias seguintes, o grupo foi crescendo de forma organizada. “Todos se mudaram para meu escritório”, explicou o CEO da MB Consutoria.

Vale destacar que o cenário do Amazonas na saúde é tão dramático que, em 2020, o Amazonas possuía apenas 7 leitos de UTI para cada 100 mil habitantes, ocupando o quarto menor índice entre os Estados e Distrito Federal. No ano passado, havia 20 respiradores para cada 100 mil habitantes, segundo dados oficiais. No total, o Time do Bem doou muito mais que alimentos: também foram encaminhados equipamentos para diversas unidades hospitalares do Estado. Foram mais de 31 mil kits de lanches; 2 mil cestas básicas; mais de 1 tonelada de material hospitalar para a capital e o interior; 2 toneladas de material de EPI; 70 BiPAPs só na capital e 113 no interior. O grupo chegou a 62 municípios.

Desafio de logística

Marx Gabriel e Antonio José explicaram que um dos grandes desafios nesse trabalho foi superar a logística complexa de compra e transporte dos materiais de São Paulo para Manaus com velocidade. A esposa do Antonio José, por exemplo, ficou em SP para ajudá-los. Segundo eles, a meta era levar a Manaus todos os dias materiais negociados em São Paulo. Havia sempre uma pessoa viajando de uma cidade para a outra levando uma enorme quantidade de carga, de 300 kg a 600 kg. “Aprendemos que o conceito de velocidade muda. Porque um equipamento chegando atrasado pode significar a morte de uma pessoa, às vezes em questão de minutos. Morreram várias pessoas em Manaus por falta de oxigênio, muitas e muitas pessoas morreram, um assassinato”, afirmou Marx Gabriel.

Confiança – elemento fundamental

Durante todo o processo, a confiança dos doadores foi fundamental para a execução do trabalho. “Muitas pessoas confiavam, porque entregamos os materiais diretamente aos hospitais. A confiança foi fundamental. Não teríamos velocidade se não fosse a confiança. O envolvimento com morte e vida sensibilizou muita gente, grandes grupos”, explicou Antonio José. Depois de passar quase 1 mês com o projeto, Marx Gabriel revelou quais foram os aprendizados. “O primeiro legado é que é possível fazer muito com pouco. Em segundo lugar, as pessoas precisam participar; por exemplo, os jovens precisam participar mais e entender de política, entender o que é um orçamento público […] aumentar o grau de formação, de estudos. Minha decepção foi com a sociedade empresarial e as associações, pois são absolutamente passivas”, afirmou. De acordo com o consultor, “toda a classe social precisa fazer uma autoanálise e saber onde acertou nesse processo todo, onde errou e o que deveria ter sido feito, mas não foi”, disse Marx Gabriel, complementando que o Brasil precisa “de uma sociedade ativa, e não passiva”.

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